THE BEATLES – ÁLBUM BRANCO – A SEPARAÇÃO DE QUATRO GÊNIOS.
- Ali não há nada de música dos Beatles. É sempre John e a Banda,
Paul e a Banda, George e a Banda…E eu gostei muito de trabalhar assim.
A declaração, referente ao chamado Álbum Branco, é de John Lennon.
Foi feita durante uma entrevista, anos depois do lançamento do LP,
primeiro álbum duplo dos Beatles. Era também o LP de estréia do selo
Apple que, até então, só havia editado o compacto ‘Hey Jude/Revolution”,
cerca de 3 meses antes.
Tão controvertido quanto os trabalhos anteriores (Sgt. Pepper,
Magical Mystery Tour), o álbum The Beatles (e não Álbum Branco, como
ficou conhecido) foi gravado de maio a outubro de 1968. As gravações não
foram muito tranqüilas e já prenunciavam o fim: começavam as crises que
levariam à ruptura de um dos maiores fenômenos da música contemporânea.
Chegou a acontecer mesmo uma separação dos Beatles, pois Ringo
deixou o grupo, aborrecido com as criticas de Paul a seu estilo de
tocar. Alguns dias depois, porém, ele voltou, pois os três pediram,
repetindo incessantemente que ele era o melhor baterista do mundo.
Mas os problemas não acabavam aí. Desde a morte do empresário Brian
Epstein, ocorrido no ano anterior, que o grupo estava meio órfão, Paul
atuando como líder, mas isso não era suficiente e estavam todos
baratinados. Sem Brian , também a parte financeira da Apple estava mal
administrada. E o pior é que quatro parceiros musicais se viram na
obrigação de atuarem também como sócios de uma empresa. E nisso, eles
não eram bons. Mas mesmo sobre a contratação de um novo empresário para a
firma houve divergências: Paul queria seu futuro sogro, Lee Eastman, e
John, Allen Klein.
O fato é que na hora de gravar e editar o LP ninguém estava muito
entusiasmado, mas havia um contrato a cumprir com a EMI. O resultado é
bem diversificado, mas em termos de qualidade, é homogênio. E apenas
reforça o que já sabemos: só gênios podem conseguir que um trabalho
desleixado resulte num produto do nível do Álbum Branco.
A diversidade das faixas também atesta a genialidade dos Beatles:
conseguem passar do rock pesado “Helter Skelter” às baladas “Blackbird” e
“Mother Nature’s Son”, via Hollywood “Good Night” em contraste com a
loucura de “Revolution 9”.
Foram gravadas cerca de 40 faixas, a maioria das quais, composta
durante a viagem à Índia, quando estiveram com Maharishi Mahesh Yogi
(“homenageado” por John em “Sexy Sadie”). Algumas foram, então,
eliminadas, entre as quais, “What’s the New Mary Jane”, que seria
lançada em compacto, mas continua inédito até hoje. Restaram 31:4 de
George, 1 de Ringo e 26 assinadas por John e Paul. Apenas assinadas,
pois não compuseram juntos (com exceção de “Birthday”). Em geral, o
autor é aquele que faz os vocais principais. Na verdade, cada um fez o
que quis nesse disco. E, como sempre, acertou.
A capa branca é uma compensação à parafernália dos últimos
trabalhos e traz apenas o titulo do LP em relevo. Dentro, os títulos das
faixas e uma foto preto e branco de cada um. Como encartes, as mesmas
fotos em cores e um pôster com uma colagem que já foi chamada de “versão
visual de Revolution 9”. Do outro lado do pôster, as letras. É ver
ouvir e conferir mais uma vez: Beatles 4 ever.
Por Marina Sanches.
Fonte: Som Três.
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