segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A DAY IN THE LIFE.

A DAY IN THE LIFE – “Eu adoraria te ligar”.

20071019-c9John Sgt. Pepper's 1967g7the-beatles-london_13293_600x450
A canção começa no meio dos aplausos da faixa anterior, com John Lennon no violão.
Em seguida, Paul entra no piano e a voz rouca de John começa a cantar. (Sua voz é um dos pontos altos da canção e, no entanto, ele andava preocupadíssimo, achando que ela era péssima, pedindo a George Martin que a corrigisse eletronicamente e chegando a cantar através de um tubo de papelão).
g9
Quando ele diz “I’d love to turn you on” (eu adoraria te ligar), entra a orquestra que vai subindo na escala musical criando um efeito ligadíssimo, até parar de repente. Ouve-se o despertador, e Paul acorda, levanta, sai correndo, pega o ônibus, fuma e entra num sonho (“Woke up, fell out of bed” até “Went into a dream”). A música fica suave e meio onírica, com John cantando em “AA” e a orquestra outra vez. Seria o efeito produzido pelo que Paul fumou?
Em estudio Londres 1967The Beatles - B&W - Sgt Pepper - Abbey Road 67 - C Apple Corps Ltd
Tudo recomeça e, quando John repete “I’d love to turn you on”, a orquestra entra de novo, mas não pára dessa vez,  até o final da música, que é um acorde produzido por três pianos e um harmônico e dura cerca de 45 segundos.
Nos discos ingleses, entra, em seguida, um tom de 20 mil Hertz, audível somente por cachorros – um gesto simpático para com esses animais; afinal, dizem que Londres tem três cachorros por habitantes.
Mas a história não acaba aí.
O sulco central do disco traz ruídos irreconhecíveis que já tiveram n interpretações – claro, rodando pra frente, pra trás, de todo o jeito. Isso, se seu toca-discos não for automático e a agulha permanecer sobre o disco até o fim (se tiver um toca-discos – vinil). Os “assassinos” de Paul ouviam, de trás pra frente, “Paul is dead” (prova irrefutável: “Paul está morto”); Paul contou que um grupo de fãs foi até a casa dele, cheias de risinhos, e disseram que tinham ouvido de trás pra frente e dava “We’ll fuck you like Superman”, ou seja, “Vamos foder vocês como super-homens”. Ele não acreditou, mas foi conferir e…
- Lá estava, sem dúvida alguma… ‘We’ll fuck you like Supermen’. Eu pensei: ‘nossa, o que a gente pode fazer?”
Na verdade, aquele finalzinho foi gravado na festa que aconteceu durante e depois das gravações de “A Day in the Life”, nos estúdios de Abbey Road. Estavam lá estrelas do astral de Mick Jagger e senhora (na época, a cantora Maranne Faithfull). A orquestra estava vestida a rigor e com máscaras fornecidas pelos Beatles. Esse momento, enquando tocavam trompete, foi tirada a última foto dos quatro com Brian Epstein no meio deles, antes de sua morte.
Para gravar o som orquestral, George Martin avisou aos músicos que não havia partitura, mas que ele lhes indicaria quais as notas mais agudas e mais graves que cada um deveria tocar. É o resto era por conta deles. Essa parte foi gravada quatro vezes e reproduzida superposta com diferença de sincronização, a fim de se conseguir essa massa sonora compacta. A voz que se ouve contando pertence a Mal Evans. O despertador entrou sem querer e, como não era possível tirá-lo, acabou ficando e sendo aproveitado para o trecho de Paul. No final da gravação, lá pelas três da manhã, a festa rolava com muita bebida e roupas coloridas quando Ringo, diante do microfone, disse:
- Acho que vou cair!
E foi amparado por Mal Evans.
BUMZoyBIcAAuZVIMal Evans, Ringo and John, White Album Ses­sions, Abbey Road Stu­dios 1968
Paul declarou à imprensa que a intenção de se referir a drogas existia nessa canção (e apenas nessa. O resto é elocubração de beatle-intérprete).
- Mas queremos ligar você à verdade, mais do que à loucura.
Assim se fechava a obra-prima desencadeadora de uma revolução que não encontrou substituta até o momento. O fecho foi um acontecimento cheio de surpresa e com muito estilo – como tudo que os Beatles fizeram.
A BBC proibiu a canção.




Por Marina Sanches.
Fonte: Som Três.

Nenhum comentário:

Postar um comentário