A história da canção In My Life
Contratado por Yoko Ono para realizar um inventário dos objetos pessoais de John depois da sua morte, Elliot Mintz se lembra de ter visto o primeiro rascunho da música escrito à mão. Em um rascunho dessa letra desconexa, John citava Penny Lane, Church Road, o relógio da torre, o Abbey Cinema, os galpões do bonde, o café holandês, St. Columbus Church, o Docker’s Umbrella e Calderstones Park. Apesar de ser completamente autobiográfica, John percebeu que não passava de uma lista de lugares e coisas agrupadas que estavam desaparecendo, como os galpões onde estacionavam os bondes, que já não havia mais bondes, e o Docker’s Umbrella tinha sido desativado. “Era o tipo de música para cantar no ônibus sobre ‘o que fiz nas férias’, e não estava funcionando”, afirmou. “Então me deitei e a letra sobre os lugares de que me lembro começou a brotar”.
John então descartou todos os nomes de lugares e criou uma sensação de luto por uma infância e juventude perdidas, tirando o foco de Liverpool e deixando-a universal, falando sobre a morte e a decadência. Era a história de um sujeito durão, que ria dos incapacitados, mas que também era sentimental e emotivo. Durante toda a vida, ele sempre teve uma caixa onde guardava recordações de infância. Mais tarde, John revelou a Pete Shotton, seu inseparável amigo de infância, que quando escreveu o verso de “In My Life” sobre amigos mortos e vivos, estava pensando especificamente em Shotton e no antigo beatle Stuart Sutcliffe, que morreu prematuramente em decorrência de um tumor no cérebro em 1962.
A letra também traz uma semelhança surpreendente com o poema de Charles Lamb, do século XVIII, “The Old Familiar Faces”, onde John pode ter encontrado na antologia de poesia popular Palgrave’s Treasury. O poema começa com:
I have had playmates, I have had companions, In my days of childhood, in my joyful schooldays: All, All are gone, the old familiar faces.
Seis versos depois, é concluído com:
How some they have died, and some they have left me, And some are taken from me; all are departed; All, all are gone, the old familiar faces.
A origem da melodia da canção continua causando polêmica. John afirma que Paul ajudou em alguns trechos. Paul ainda acredita ter escrito tudo. “Eu lembro que ele tinha a letra em forma de poema, e eu criei algo. A melodia, se eu me lembro direito, foi inspirada em The Miracles”, ele conta. Paul provavelmente se refere a “You Really Got a Hold On Me”. Na gravação, o solo instrumental foi executado por George Martin, que gravou o piano pessoalmente e depois tocou em velocidade acelerada para criar o efeito barroco. John achava que “In My Life” era sua primeira obra realmente importante.
Fonte: Beatlepedia.
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